De frentista de posto de combustível a empreendedor de sucesso na Quiropraxia, conheça Daniel Duenhas

Inácio Shibata • May 7, 2021

De frentista de posto de combustível a empreendedor de sucesso na Quiropraxia

Quem conhece Daniel Duenhas hoje não tem ideia do caminho que ele trilhou até chegar a ser proprietário de duas clínicas de quiropraxia, que atendem mais de 80 pacientes por dia e é apontada como um das que mais seguem os princípios vitalistas propagados pelo pai da Quiropraxia nos Estados Unidos, o canadense D.D. Palmer.

Até se graduar como bacharel em Quiropraxia pela faculdade de ciências da saúde da Universidade Anhembi Morumbi em 2007, Daniel trabalhou como frentista em um posto de gasolina, por onde ficou por 8 anos. Assim que se formou, logo foi convidado para trabalhar em duas empresas como quiropraxistas e como docente na Anhembi Morumbi, onde lecionou por 7 anos.

Hoje ele dirige duas clínicas, uma em Ribeirão Pires e outra em São Bernardo do Campo, onde conta com uma equipe de dois quiropraxistas, três assistentes de quiropraxia e um assistente administrativo. Mas chegar até aqui não foi fácil, como ele relembra nesta entrevista exclusiva para o Busca Quiro, confira!


Poderia fazer um breve relato de sua trajetória profissional até o momento?

Na época em que cursava a faculdade de quiropraxia, eu trabalhava em um posto de gasolina. Trabalhei lá por oito anos, sendo quatro anos como frentista e, os outros quatro, eu estava trabalhando no escritório desse mesmo estabelecimento. E, quando me formei, o meu filho mais velho, o Heitor, estava com 3 meses de vida. Ou seja, eu estava ansioso em iniciar a minha carreira de quiropraxista.

Após me formar em quiropraxia pela UAM em 2007, fui abençoado com 3 propostas de trabalho e aceitei todas. Comecei a atender os funcionários do SEEL (Sindicato dos Empregados em Editoras de Livros) na época situado na Vila Mariana, a atender na Portomed, na unidade do Hospital Santa Catarina, na Avenida Paulista, e lecionar várias disciplinas no curso de graduação em quiropraxia na UAM, onde permaneci dando aulas por 7 anos. E ainda arranjei fôlego para abrir o meu próprio consultório de quiropraxia na cidade de São Bernardo do Campo.

Num primeiro momento, de 2007 a 2013, eu trabalhava em um modelo de consultório onde o foco principal era o tratamento de dores na coluna vertebral e nas várias articulações do corpo humano. Mas essa prática não me preenchia por completo. Por mais que eu ajudasse as pessoas e tivesse sucesso em minha prática, eu sentia que poderia ajudar mais. E foi aí que o Universo cooperou! No início de uma forma estranha e dolorosa, mas que depois, tudo fez sentido!

O Heitor, meu filho mais velho, nasceu com ótima saúde. Porém, após tomar uma das vacinas da infância, desenvolveu problemas respiratórios e alérgicos bem sérios. Todo mês, ao menos uma vez, ele era internado por alguns dias para tomar medicamentos e inalação. Pequenino, ele já passava com o pediatra, imunologista, pneumologista, alergista... e já fazia uso contínuo e esporádico de uma grande dose de medicamentos além da privação de alimentos, ambientes e atividades.

Em 2013 tivemos um curso maravilhoso aqui em São Paulo com alguns quiropraxistas estrangeiros que trabalhavam numa prática exclusiva e centrada na análise e no ajuste da subluxação vertebral. Após o curso, comecei a estudar intensamente técnicas de análise de subluxação vertebral e, concomitantemente, comecei a ajustar o Heitor. Após aproximadamente um mês e meio, a saúde do Heitor se transformou, literalmente, da água para o vinho. Todas aquelas doenças, todos aqueles sinais e sintomas desapareceram como em um passe de mágica!

Lembro-me bem que o Heitor passava em um pediatra muito bom e muito experiente já na casa dos seus sessenta anos de idade e, numa das consultas, ele estava auscultando os pulmões do Heitor e, espantado, ele disse: “Cadê o gatinho que o Heitor tinha aqui? Sumiu! Olha pais, eu não sei o que vocês fizeram, mas a verdade é que em toda a minha vida eu nunca havia visto uma transformação tão rápida e tão grande quanto esta!”

Quanto mais eu estudava a quiropraxia, mais eu percebia que se eu tivesse um consultório focado em ajustar a subluxação vertebral, restaurando a ótima comunicação entre o cérebro e o corpo e liberando a energia vital que anima o corpo, eu poderia ajudar muito mais pessoas e de uma forma muito mais poderosa.

Iniciei a minha mudança do modelo de cuidados de tratamento de dor, para um modelo exclusivamente de análise e ajuste da subluxação no meu consultório ainda em 2013, ao mesmo tempo em que eu ajustava o Heitor. Quando vi com os meus próprios olhos e senti na pele a mudança que a quiropraxia havia feito em nossas vidas, eu tive a certeza de que estava no caminho certo!
Com a ajuda de um mentor, a partir de 2014, o meu consultório deslanchou. Atualmente temos dois consultórios que funcionam nesse modelo onde o foco é cuidar de famílias. Essa é a minha verdadeira paixão.


Quais foram as dificuldades iniciais?

Quando entrei na faculdade de quiropraxia eu era frentista. Então a minha primeira grande dificuldade foi em pagar os meus estudos. Após me formar, eu não tinha dinheiro para alugar e montar um consultório. Então, a minha primeira providência foi a de transformar a minha sala em um consultório “open area”. Então eu poderia dizer que a minha primeira dificuldade foi a falta de dinheiro. A segunda dificuldade foi o desconhecimento em empreendedorismo, gestão, administração etc.

O terceiro e, de longe o maior problema, foi não ter tido contato com a filosofia da quiropraxia na época da faculdade. Eu sentia que poderia ajudar mais e não sabia como. Saí fazendo cursos de Medicina Tradicional Chinesa, Liberação Miofascial, mas nada disso me satisfazia. E a resposta estava dentro da minha profissão, mas que eu ainda não tinha tido a oportunidade de estudar.


São as mesmas dificuldades que enfrenta hoje?

Como eu atendo entre 60 e 100 pessoas por dia, atualmente o meu maior desafio é deixar a agenda e os controles de gestão e financeiros fáceis e livres de estresse.


Na sua opinião, que qualidades o tornam um empreendedor?

Sempre gostei de empreender. Me lembro que quando criança, eu armava um caixote em frente de casa e vendia os meus brinquedos que eu não gostava mais.

Mas acho que as minhas maiores qualidades são não ter medo da mudança e o orgulho não me impede de parar, escutar, aprender e mudar quando acho necessário. Tudo o que eu aprendo e acho que vale a pena, imediatamente eu coloco em prática.
 

Como teve que se preparar para se tornar um empreendedor melhor?

Quando se atende centenas de pessoas por dia, como é o nosso caso, fica bem difícil se concentrar nessa parte de gestão e administração. Para mim, o que mais funcionou, foi delegar tarefas e trazer pessoas e empresas que pudessem me ajudar.
Por exemplo, a Fabiana, minha esposa, é quem administra a VitalQuiro. Temos um contador maravilhoso que presta um excelente serviço e já se ajusta conosco junto com a sua família há 12 anos. Temos um casal maravilhoso que nos fornece consultoria financeira e de negócios e já se ajustam conosco há 6 anos.


Que erros do passado não gostaria de cometer novamente?

Iniciar um negócio sem conhecer os modelos possíveis, sem conhecer de gestão e precificar um serviço sem conhecimento técnico.
Uma das maneiras mais seguras e rápidas é contar com uma consultoria especializada enquanto você se concentra no que faz de melhor que é cuidar das pessoas. 


Que vitórias/conquistas durante sua trajetória o deixam mais orgulhoso?

Sem dúvida nenhuma a minha maior conquista foi a de criar um consultório vitalista, centrado na subluxação vertebral e focado em cuidar de famílias. Desde bebês, papais e vovós.


Por que resolveu empreender?

Essa é fácil: apesar das dificuldades, a minha maior motivação é que eu queria fazer as coisas do meu jeito. Gostaria que o consultório tivesse a minha cara.


O que você acredita ser importante para empreender?

Eu realmente acredito que o quiropraxista deve se concentrar em aprender e compreender a nossa filosofia, além de desenvolver a sua parte técnica mais e mais a cada dia. Um bom quiropraxista deve ter uma agenda bem lotada e ajudar muita gente.
Portanto, para mim, a maior sacada que um quiropraxista pode ter é ter uma ótima equipe. O próprio Robert Kiyosaki, autor de Pai Rico, Pai Pobre, nos ensina que o empreendedor não precisa e nem deve saber tudo. Ele deve estar “por dentro de tudo” e ser expert em sua área de atuação e contar com uma equipe especializada e eficiente que possa fazer o trabalho administrativo e legal.


Quais são seus planos de futuro?

Nosso próximo passo será abrir uma nova unidade em Santo André, região do ABC paulista. E manter os nossos cursos QuiroVIPs que auxiliam os alunos de quiropraxia que querem conhecer um pouco mais sobre a prática da quiropraxia centrada na subluxação vertebral e ajuda os quiropraxistas já formados que querem conhecer ou migrar para esse modelo de prática.


Quais conselhos daria para quem quer empreender hoje na quiropraxia?

Empreender é um grande desafio. Em qualquer negócio você corre um risco alto ao investir dinheiro sem ter certeza do retorno. Principalmente no início, o trabalho árduo limita o seu tempo de descanso e de lazer. Mas, quando os resultados chegam, quando você vê seu consultório cheio, famílias chegando, crianças no espaço kids, sorrisos... você percebe que cada gota de suor, cada lágrima e cada noite em claro valeu a pena!

Mas eu tenho sim uma dica de ouro! No mundo dos negócios a maior guerra e o maior sonho do empreendedor é ter um serviço ou um produto inovador, onde não se tenha concorrentes e você possa reinar absoluto no mercado.

Ora, a quiropraxia já nasceu nesse “oceano azul”. Quando se fala em ajuste da subluxação para a máxima expressão da vida e do potencial humano, não há competição no mercado, pois o quiropraxista é o único profissional treinado e habilitado a oferecer esse tipo de serviço.

O grande problema atualmente é que os quiropraxistas se convenceram que a quiropraxia é mais uma das muitas maneiras naturais de tratamento de dores e problemas musculoesqueléticos. Não bastasse essa ser uma ideia filosoficamente equivocada, também é um tiro no pé do empreendedor em quiropraxia que, por conta própria, quer migrar de um mercado sem concorrência, para enfrentar um mercado cheio de tubarões.

Então, o meu conselho para o novo empreendedor em quiropraxia seria estudar mais a nossa filosofia e abrir os olhos para o que a ciência tem nos mostrado em relação aos benefícios da quiropraxia.

Estudar sobre como o ajuste da subluxação impacta de forma benéfica sobre a Variação da Frequência Cardíaca, o Sono, o Córtex Pré-Frontal, Sistema Imunológico, Adaptabilidade, Salutogênese e os Telômeros é um bom início para que possamos ver como de fato podemos ajudar a nossa comunidade dentro dos princípios da quiropraxia e, de bônus, construirmos um negócio sólido, diferenciado e sem concorrentes.


Como você enxerga o futuro da profissão no “novo normal” pós-covid-19?

Essa é uma ótima pergunta! Se os quiropraxistas forem espertos, começaremos a estudar e pesquisar mais como a quiropraxia pode impactar de forma benéfica a saúde e a expressão do indivíduo como um todo.

Ao invés de concentrarmos todos os nossos esforços nas pesquisas e nos tratamentos em dores musculoesqueléticas, começaremos a estudar sobre como o ajuste da subluxação impacta de forma benéfica sobre a Variação da Frequência Cardíaca, o Sono, o Córtex Pré-Frontal, Sistema Imunológico, Adaptabilidade, Salutogênese e os Telômeros.

Tenho esperanças de que a pesquisa, o ensino e a prática da quiropraxia tome um rumo onde possamos impactar a sociedade de uma maneira muito mais poderosa e profunda.


Qual mensagem daria para os futuros quiropraxistas?

Uma frase que sempre me marcou eu ouvi da boca de um grande colega, o Dr. John Minardi. Ele disse em uma aula: “Eu não preciso que você acredite, eu simplesmente preciso que você entenda”. E para entender, precisamos estudar. Então a minha sugestão é estude! Para facilitar o estudo, sugiro algumas leituras que acredito serem fundamentais:
• Os nossos 33 princípios
• Quiropraxia no és assombrosa, do Dr. Claude Lessard
• Filosofia da quiropraxia, do Dr. Joseph Strauss
• The Triune of Life, do Dr. Reggie Gold
• Good Medicine, do Dr. James M. Sigafoose

Esses são livros fáceis de serem lidos e nos dão uma boa noção sobre os caminhos que devemos trilhar para obtermos o sucesso da nossa profissão e do nosso consultório. Depois de ler esses textos você estará preparado para encarar os Green Books e demais Blue Books e, aí sim, você estará preparado para conquistar o mundo (rsrs).


Qual mensagem daria para os atuais quiropraxistas?

Vivemos em um mundo onde as pessoas cada vez mais estão procurando por um local onde possam encontrar respostas, conforto e um cuidado da saúde física, emocional, mental e espiritual.

Nunca na história as pessoas se interessaram tanto por Yoga, Meditação, Qi Gong e outras práticas semelhantes que buscam trazer o equilíbrio e a harmonia para o interior do corpo e que refletirá em uma vida mais saudável e digna de ser vivida.

A própria medicina está evoluindo para o que eles chamam de “Medicina Integrativa Funcional”, onde os médicos falam abertamente em cuidar da saúde física, emocional, mental e espiritual. Termos como “despertar do seu médico interior”, “despertar da sua consciência”, “estado máximo de saúde” são utilizados atualmente por esses profissionais médicos.

Ora, para quem estuda a filosofia da quiropraxia sabe que esses são termos ou ideias que a quiropraxia tem desde os primórdios da profissão. Inteligência Inata, a nossa abordagem ADIO (Above Down, Inside Out), salutogênese, reconexão... fazem parte do nosso DNA!

A mensagem aqui é ATENÇÃO! Temos de nos atentar e vigiar para que não medicalizemos a nossa prática e profissão e, num futuro próximo, percebermos que estamos na contramão do mundo.

Parafraseando o saudoso Reggie Gold (quiropraxista norte-americano, filósofo e professor na Sherman College de Quiropraxia): “Podemos escolher nos conformar com os erros do passado e do presente e assistirmos de camarote a medicina encabeçar esse movimento ou podemos dar um passo com orgulho para a frente e liderar o caminho para o futuro.”

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