Conheça a proposta filosófica de uma medicina quiroprática baseada em Kirk

Inácio Shibata • June 24, 2021
Os pensamentos do norte americano Russell Kirk (1918-1994), considerado o pai do conservadorismo moderno dos Estados Unidos, serviram de base para se propor uma nova filosofia da medicina quiroprática, em um artigo publicado em 2017 for T. M. Mitz (A treatise for a new philosophy of chiropractic medicine).

Segundo seu autor, “a filosofia da Quiropraxia tem sido uma entidade muito debatida ao longo da existência da profissão de quiropraxista. Muitas críticas foram feitas à filosofia histórica da quiropraxia e propagadas por adeptos contemporâneos. Até o momento, uma nova filosofia não foi detalhada nem apresentada que demonstre princípios pelos quais seguir”.

No artigo, cada um dos princípios de Kirk é explicado e exposto conforme aplicável a uma filosofia da medicina quiroprática, em que a adição do termo “medicina” à quiropraxia é um indicativo de uma nova direção para a profissão.

Os dez princípios que fornecem uma base para uma filosofia da medicina quiroprática incluem: (a) ordem moral, (b) costume, convenção e continuidade, (c) prescrição, (d) prudência, (e) variedade, (f) imperfeição, (g) liberdade e vínculo de propriedade, (h) comunidade voluntária e coletivismo involuntário, (i) restrições prudentes sobre o poder e as paixões humanas, e (j) permanência e mudança.

Conforme explicado no artigo, “cada um desses princípios oferece não uma abordagem dogmática, mas fornece uma visão sobre a aplicação da medicina quiroprática a toda a área do paciente e à sociedade em geral, especialmente nas áreas econômica, social e política. Esses princípios fornecem orientação não apenas na abordagem do encontro médico-paciente, mas podem ser usados ​​para visualizar o mundo mais amplo e seu impacto potencial”.

Ainda segundo o autor do estudo, “esses princípios examinam muitas questões tangenciais dignas de discussão que podem impactar a saúde, política social, política e econômica e como a profissão de Quiropraxia pode abordar essas questões.
Veja a seguir como os pensamentos de Kirk serviram de base e foram aplicados para a formação da filosofia da medicina quiroprática:


1 - Ordem moral:

As verdades morais são consistentes, guiadas por uma ética sólida, para o atendimento ao paciente e o comportamento profissional. Essas verdades morais são apoiadas para que as pessoas vivam em uma sociedade pacífica.


2 – Costume, Convenção e Continuidade:

O reconhecimento e a apreciação de práticas e tradições de longa data e o respeito pelas instituições da sociedade são vitais para o bem-estar geral de uma nação. Procurar evitar disputas perpétuas sobre os direitos e deveres do paciente e os direitos e deveres do clínico.

As leis estaduais atuais relativas a questões de interesse da quiropraxia e para a sociedade, embora sujeitas à profissão e promulgadas por meio de leis pelos cidadãos, permitem que as pessoas vivam juntas pacificamente por meio do cumprimento da lei; existem aspectos essenciais da profissão que permanecem consistentes, ou seja, a manipulação da coluna vertebral e a profissão de medicina quiroprática com apreço pelo contrato social.


3 – Prescrição:

 Existem aqueles na história da ciência e da medicina que inspiram e encorajam a investigação. Os princípios básicos da ciência orientam o praticante da medicina quiropraxia a fim de evitar ações contrárias, como a pseudociência. Há respeito e consideração pelos fundadores de uma nação e por aqueles que a impulsionaram para a grandeza e pela cultura e história únicas de uma nação.


4 – Prudência:

 As medidas de saúde pública e outras medidas introduzidas para o bem da sociedade e dos indivíduos são julgadas por suas prováveis consequências de longo prazo, não porque sejam populares ou proporcionem uma vantagem política temporária. A medicina quiroprática visa capacitar os indivíduos e promover as liberdades básicas.


5 – Variedade:

Apreço pelos processos científicos estabelecidos que existem; variedade no estabelecimento de métodos inovadores para lidar com as condições neuromusculoesqueléticas é incentivada por meio do método científico. O quiropraxista faz uso de outras modalidades diagnósticas, terapêuticas, farmacológicas e de reabilitação para atender a uma população maior de pacientes. A medicina quiroprática entende que a sociedade terá todos os níveis de classes econômicas e que tais classificações significam uma sociedade saudável.


6 – Imperfeitabilidade:

A natureza humana sofre sob seu próprio peso, do psicológico ao genético. Por causa dessa imperfeição, os sistemas biológicos humanos quebram e precisam ser consertados, negando assim a filosofia da autocura sem escolha. A responsabilidade individual é a chave para um atendimento eficaz ao paciente e não depende do médico para transformar um paciente em um “novo saudável”. Reconhecimento de que a utopia ou medidas utópicas nunca podem se concretizar.


7 - Liberdade e vínculo de propriedade:

 A medicina quiroprática defende a liberdade pessoal e os direitos individuais de autodeterminação do paciente e da sociedade como um todo. A medicina quiroprática promove a propriedade de bens pessoais, o acúmulo de ativos e riqueza e a responsabilidade por esses bens. Também defende os direitos garantidos constitucionalmente fornecidos por sua nação e defende a posse de propriedade e o indivíduo como consumidor. A medicina quiroprática promove soluções baseadas no mercado para questões econômicas complexas e incentivos para o crescimento da profissão, da sociedade e do paciente.


8 - Comunidade voluntária e coletivismo involuntário:

Os praticantes da medicina quiroprática defendem os direitos humanos individuais, a realização, a responsabilidade individual e o poder do potencial humano individual. A medicina quiroprática defende que a comunidade local se capacite voluntariamente e se opõe ao coletivismo que força indivíduos e/ou grupos à vontade de uma entidade desinteressada e não representativa.


9 - Restrições prudentes sobre o poder e as paixões humanas:

Os quiropraxistas da medicina quiroprática defendem restrições prudentes na prática da medicina quiroprática. Restrições prudentes sobre o que é anunciado, praticado e defendido, de modo que as paixões humanas não impeçam o progresso. A medicina quiroprática defende um governo limitado que não impeça a liberdade pessoal e promova o estado de direito, visto que ninguém está acima da lei.


10 - Permanência e mudança:
A medicina quiroprática abrange a permanência daquilo que é inerente à operação da saúde para garantir estabilidade e continuidade; para que a medicina quiroprática progrida, é preciso reconhecer que a mudança é necessária e saudável.
 
Fonte: https://chiromt.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12998-017-0138-y

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