A cena é muito comum nos consultórios de quiropraxia: o paciente retorna com dores, e o quiropraxista pergunta se ele fez tudo o que havia sido recomendado em relação a manter uma boa postura, fazer exercícios de alongamento, dormir com um travesseiro adequado, levantar da cama de lado, entre outras coisas, e a reação do paciente é um sorriso amarelo e uma resposta que não convenceria nem a mãe dele.
É claro que como profissional de saúde, o quiropraxista pode chamar a atenção do paciente, deixá-lo sem graça-lo e fazê-lo prometer que irá fazer tudo direitinho até a próxima consulta, e daí o paciente pode até cumprir o que prometeu, mas só o fará até a próxima vez que ele for à clínica. As chances de isso se repetir diminuiria muito se o profissional de saúde se dispusesse a investir alguns minutos da consulta para conversar e educar o paciente.
Antes de mais nada, é bom saber que educar é diferente de tentar convencer ou dissuadir o paciente a fazer algo. Por exemplo, quantas vezes ouvimos do dentista que precisamos passar fio dental após as refeições? Contudo, pesquisas mostram que apenas 4 em 10 pessoas fazem isso regularmente. Esse número aumenta somente quando as pessoas são educadas e tomam conhecimento que não passar fio dental pode causar doenças mais graves, como a periodontite, e a perda dos dentes.
O mesmo se passa com os pacientes de outras especialidades, inclusive a quiropraxia. Veja abaixo cinco motivos para o profissional de saúde se motivar a educar seus pacientes:
#1: Para dar um novo significado aos seus sintomas
No modelo tradicional de tratamento de saúde, ao se tratar a dor, o problema está acabado. Simples assim. Contudo, a quiropraxia ensina que a dor não é o problema principal, e sim o que o que a causa. Por isso que o quiropraxista irá buscar desalinhamentos na coluna e problemas musculoesqueléticos, para tratar a raiz do problema. É isso que o paciente deve ser informado, para que ele saiba que o tratamento quiroprático irá verificar o equilíbrio e trazer bem-estar geral ao indivíduo.
#2: Para dar um novo contexto ao tratamento
Embora alguns pacientes pensem que a quiropraxia sirva apenas para ajustar alguma vértebra cervical para tratar uma dor de cabeça, ou na lombar para tratar uma lombalgia, a verdade é que o tratamento quiroprático busca restabelecer o equilíbrio e a comunicação do sistema nervoso central com o restante do corpo, e com isso trazer alívio. Tratar do pescoço ou da lombar sem explicar o que está por trás dos ajustes é querer permanecer como um quiropraxista que trata dor cervical e lombar apenas, e não ser visto como um profissional de saúde especializado em trazer harmonia ao sistema musculoesquelético. Por isso, é muito importante que se faça uma comunicação eficiente sobre o que um ajuste traz de benéfico ou não à saúde do paciente.
#3: Para definir e alinhar expectativas
Por conta do modelo tradicional de tratamento de saúde, em que o paciente busca resultados imediatos para seus problemas, ele também irá buscar alívio imediato para suas dores na primeira sessão de quiropraxia, o que muitas vezes não acontece e pode estar longe da realidade. Portanto, é muito importante que logo na primeira consulta, o paciente seja comunicado sobre como funciona um tratamento quiroprático, o motivo dele ser de curta, média ou longa duração, e o que ele pode esperar ao longo desse processo. Isso irá alinhar as expectativas dele e trará melhores resultados ao longo do tratamento, e que o sucesso dele também dependerá da colaboração do paciente em seguir as orientações e recomendações que serão passadas pelo quiropraxista.
#4: Para estabelecer confiança e limites
Comunicar claramente ao paciente seus problemas e possível hipótese diagnóstica, possíveis complicações, abordagens e opções de tratamento, assim como seus prós e contras, não é só obrigação profissional do quiropraxista, como também é uma maneira de estabelecer confiança com o paciente e deixar claros os limites do que o paciente pode esperar do tratamento em si. Ao estabelecer essa comunicação, o quiropraxista estabelece onde começa e termina sua responsabilidade, assim como o paciente fica sabendo de suas obrigações. E comunicar isso logo no início de cada novo relacionamento é essencial para estabelecer um ambiente de respeito mútuo.
#5: Para relembrá-lo da sua missão
Certifique-se que tudo o que é comunicado ao paciente – sobre o tratamento, orientações e recomendações - seja verdadeiro e tenha significado real para você como profissional de quiropraxia. Fazer isso é resgatar o que o trouxe como quiropraxista até aqui, sua trajetória pessoal e profissional, e serve para reafirmar suas escolhas.